domingo, 16 de março de 2014

If You Forget... Me. (Eu era, Tu eras, Nós erramos.)


"E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure."


Não escreverei poemas. Longe dos meus dedos estão as loucas sinfonias e os eternos sonetos. Não temerei nem deixarei de lado minha insanidade. Acredite ou não: escuto Madonna recitando um poema que ecoa e ecoa e ecoa pro fundo. Profundo. Infinito bem dentro, tão dentro que eu esqueço que essa voz não é a minha própria consciência e a levo como conselho a não ser seguido. 
Tu sabes o quão patética eu sou, a ponto de acabar de perder as palavras que estavam na ponta dos meus dedos. A ponto de hoje ser uma mulher e ter um homem ao meu lado que sussurra o que eu escrevo por aqui. Já não sei ao certo qual meu nome, minha idade, meu sobrenome, mas vim aqui te escrever pra te contar quem sou hoje: 18/07/1963.

Como diz esse poema - em inglês - que mal entendo: Caso me esqueças, quero que saibas uma coisa. E é aí que começa. Caso me esqueças, quero que saibas que aos poucos, lentamente, com a sua falta de presença, eu também o esquecerei. Caso, talvez, me esqueças, eu abandonarei toda aquela ilha que tínhamos como nossa e nadarei para a beira, e no caso de eu não ter ainda aprendido a nadar, construirei uma jangada e remarei contra as ondas até sumir no final de uma linha que partirá ao meio meu corpo e me fará duas. 


"If you suddenly forget me
Do not look for me!
For I shall already forgotten you."

É assim que, de repente, a vida acontece. Se hoje plantei minhas sementes em algum coração, no outro levantarei meus braços, como se fossem raízes e, levando tudo, partirei sem deixar rastro de terra. Então me ame, por agora ou para sempre, me ame. 
Não leve isso como um súbito e momentâneo caso de eu estar implorando, não estou. Estou te dando a oportunidade de amar tudo de bonito que há em mim enquanto ainda cultivo pequenas e frágeis raízes, pois sou nova e tenho experiencia alguma com loucura ou amor. Talvez muita. Ama-me como se não houvessem outras além de mim e como se, no amago, eu fosse apenas uma.
Saiba que amor se alimenta de amor e o meu tem se alimentado do teu. Percebes? Se me deixas, eu te deixo. Se me abandonas, eu te dou as costas e parto. Eu já deixei muitas pessoas ainda as amando e, enquanto as amei, elas me amaram. 
O tempo varre as poeiras do coração e, vez ou outra, não deixa uma lembrança sequer. Meu coração já foi negro, já foi gelo, já foi pedra. Coração que se camufla é difícil de lidar, mas com doçura e delicadeza todas as coisas voltam pro seu devido lugar e eu renasço.
Já não busco o alívio da liberdade solitária. Já não quero todos os corpos passando pelo meu. Eu quero a eternidade e a beleza da força e persistência de não errar mais. 
Acabei que, por medo ou falta de atenção, falei de nós e falei do amor, mas não te contei de mim porque espero que descubras comigo.


"Nega-me o pão, o ar, 


a luz, a primavera, 

mas o teu riso nunca 

porque sem ele morreria."

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu introduzo a leitura com a ideia de que cada texto teu vai ser o melhor que já li em minha vida. E dá certo! A leitura corre escorregadia e livre, pra combinar mais com tua escrita penetrante.

Anônimo disse...

Você subestima a ideologia dos demais escritores. Simplesmente demais!

Anônimo disse...

Madrinha das palavras!

Anônimo disse...

Ai, Bianca...