terça-feira, 15 de julho de 2014

Um Texto Com Blueberry (não existia nome mais cabível)


"How you say goodbye to someone you can't imagine living without?"

Te escrevo pra dizer: parece que o café esfriou e tu resolveu ficar por aqui, me esquentando. Não sei se colocarei um ponto final nesta carta, ou se prosseguirei nas reticências como em tantas outras as quais as palavras já me deixavam confuso de tanto que queriam sair. E também porque, além de não ter vontade encerrar a carta, não tenho vontade de encerrar esse enlace (seja do que for) assim, com um ponto final. Porque tu sabes, tu já bem sabes que eu sou intenso até dizer chega. Ou talvez não saiba. Ou quem sabe eu nem seja. 
O dia em que o Sol foi apresentado à Lua. O dia em que, num eclipse solar, a junção não quis mais se fazer par e, ímpar, ficou como um. Um corpo habitando o mesmo espaço. Era solar, mas se fosse lunar não importaria, o que tinha que vir era o momento. Interessa que hoje eu já não tenho medo do escuro e de ser apagado por uma luz tão mais clara que a minha. Agora eu arranjei um bom motivo para querer permanecer nele - o escuro - visto que é onde existe o encontro.
Quantas vontades tuas eu já fiz sem perceber? E quantos carinhos teus eu já ganhei sem que nada fosse pedido em troca. Se esse fosse mais uma das tuas manhas, eu estaria louco atrás de uma receita com blueberry. Seria uma torta ou coisa assim. Mas o berry e o torta nós dispensamos, porque tá tudo blue, pequena e de torto não tem tido nada nessa história nossa. 
Hoje eu teria muito mais pra escrever sobre a Lua. Eu, que pensei que sabia tanto quando te mandei as primeiras palavras, vejo que parece que existe fermento - e isso remete à bolo, que podes imaginar sendo de blueberry caso vá te arrancar um sorriso lembrando da menina caindo com a tigela na cabeça, ou o gosto do próprio, ou porque cá estou eu, te mimando - que faz crescer cada vez mais, que te mostra e se descobre. 
Ontem mesmo, veja só, acordei com a Lua me olhando e me roubando um beijo. Eu esperava um dia acontecer, pois ela havia me deixado - em letrinhas quase infantis - um poema que dizia isso, isso de um beijo presenteado pela Lua para o Sol, mas não imaginei que fosse tão repentino e pra já. E ela o fez. E chovia. E quando me beijou ela estava cheia, só não sei do que exatamente. E soa estranho, mas eu sinto o ar faltar quando penso nela. Tenho sentido isso a todo momento. Mas, quando perto dela, piso em nuvens. Bem assim; tudo leve tudo claro tudo céu.                                                      
Então penso que deve ser por isso que te escrevo. Porque fazia tempo, muito tempo que não o fazia. Mas é que as palavras, comparadas com as coreografias dos nossos corpos durante as noites, em paralelismo com os beijos que tanto ganho e tanto dou, perdem feio. É isso. As palavras perdem feio e o efeito pros nossos atos. 
Agora eu, que não preparei a vida, estou aqui, preparando intermináveis cafés. E a gente segue assim, tomando gole por gole, daquele jeito que se diz: devagar-quase-parando. E nessa de ficar saboreando passaram-se mais de dois dias, dois meses, dois beijos, dois abraços... E vamos deixando que o destino se encarregue. E que responsabilidade a da vida com o universo: procurar, conspirar, unir dois corações se encarando, buscar almas que se reconheçam e testar pra ver se dá certo. E, enquanto a gente vai esperando respostas mesmo sem saber da espera, ela vai surpreendendo os dias.                               
Eu acho mesmo é que te escrevi porque tu uma vez estavas de aniversário e eu não fiz nada de especial, e nem sabia preparar nada com blueberry. Confesso que me cobrei muito porque gosto de fazer coisas bonitas para as pessoas que enfeitam o meu coração e meus dias. Esse deve ser mais um dos presentes - ou pra se guardar no futuro?
Fica assim, sem terminar, porque eu não sei como, nem o porquê de exigirem um fim pra tudo(aqui deveria existir um ponto)


"I don't say goodbye."

Um comentário:

Marília disse...

Esse texto + Norah Jones = ganhou uma nova leitora no blog. Caralho.