quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Eu Te Amo.

Um tiro triplo, uma pílula ou um remédio que apague toda a eternidade que eu escrevi contigo. Algo que não me venha doído como um tapa bem no meio da cara ou um aperto bem no meio do peito.
Fazer-se de forte e dizer estar tudo bem mesmo te amando. Chorar escondido, de mansinho, em meio à bancos de um ônibus e o escuro de seus corredores, feito um menininho indefeso. Não mais acordar nem dormir com o seu perfume.
- Outro amor acabado; pensou ela.
- Pior que leite derramado e seco. Eu te amo tanto! - disse o moço.
Hoje, agora, já posso dizer que terminei algo ainda amando. E me perguntariam: por que, então, terminou? Não sei. Não consigo entender o que deu errado, mas sei que, quando for necessário, tu vais chegar pra me lembrar. E aí vez ou outra eu paro e penso se estou perdendo minha chance nessa coisa de te deixar ir embora. Passar a vida escondendo o coração, onde é que eu fui parar? Você é tão bonita. Eu tô sofrendo no pensar. Nesse pensar em ver você partindo de mim.
- Sem amor, eu nada seria.
- Seu coração vai chorar assim que acabar. É assim que acontece.
- Eu acho que tô querendo morrer só pra te matar em mim, ou pra te esquecer. Se isso dói? Meu irmão, isso dói quase mais do que viver. Sentir dói. - Eu disse à ela.
- Sozinho é o último lugar onde você queria estar, né?
- Mas é onde eu estou. Sabe a tal lanterna dos afogados? Sem esperar ninguém, sem fé alguma.
- Já não sei se quero continuar esse meio caminho andado. - Ela terminou e deu uma pausa.
Reencontro as navalhas entre as páginas de um antigo diário. Sangue. Já não sangro mais. Ou sangro e pulo e sonho um sonho de voo assim: Eu corro e rasgo as telas e pulo direto, sem pensar, sem dó. Eu me jogo do décimo andar e ninguém me segura. Eu caio rápido.
- Você me entregou de mão beijada pro mundo. - Falei.
- A culpa é sempre minha.
- O drama é sempre seu, a dor é nossa, mas é mais minha.
- Nos amamos?
- Como loucos. Ou como sãos. Eu ainda tenho amor. Eu ainda a amo.
- Sozinho, de novo. Porque assim pediste à vida. Tarde demais para nós. Meu amor é de outro. - Ela encerrou.
E foi assim que nos deixamos, que nos perdemos e nos abandonamos. Entre pedidos de casamento ao som de Bethânia, com rosas vermelhas pra colorir e alianças frouxas de ouro, eu a pedi.
E agora um amor que, sufocado, desfalece. Que Deus o tenha.

Nenhum comentário: