sexta-feira, 25 de novembro de 2011

À Um Caranguejinho Ausente


"Você nunca avance 
Em mulher de câncer. 
Seu planeta é a Lua 
E a Lua, é sabido 
Só vive na sua. 
É muito apegada 
E quando pegada 
Pega da pesada." 




Você voltou pra minha vida como se nunca houvesse saído: o tempo passou e morreu. Dentro dele nós ficamos, mortos, adormecidos, saudosos. Amamos, deixamos, sobrevivemos ao veneno. Você nunca deixou de me amar mesmo eu sendo um galho seco. Eu te escrevi dizendo isso mas, no fundo, eu sabia: você nunca foi desprezível.
Foram tantas noites, tantas velas, tantas rezas pra te tirar da agonia, do olhar turvo, te livrar da cegueira e do coração carente que, ao final, quase já não existia forças em mim pra te buscar.
Usei as mãos, te agarrei com as pernas, te mordi a boca, te cravei as unhas e os dentes mas, apenas no ato final, quando joguei o que menos tinha forças em mim, você resolveu subir, quase escapando e deslizando, me doendo cada fio, pelas minhas melenas negras e encaracoladas.
Eu tinha vontade te pegar no colo e embalar nas vezes em que você me ligou assim, um tanto triste, com voz manhosa. E eu te abraçava, mesmo sem saber. E eu te olhava sentada na beira da cama, mesmo sem tocar. Você é tão delicado que dói, caranguejinho. Você é pequeno e tem a casca fininha que se pisar, mesmo que de leve, estraçalha em migalhas. Eu já pisei em você e não fui nenhum pouco carinhosa ao fazê-lo. Você estraçalhou todinho no chão e eu o deixei lá. Mas, veja bem: eu podia fazer aquilo porque não era por querer ou por maldade. Eu pude fazer aquilo. Mas, assim de longe, observando, mais ninguém poderia. E fizeram e tentaram e eu briguei e eu voltei e me expus e dei a vida e dei a alma e dei o corpo pra que você me olhasse de novo. E te alisei e te guardei parte por parte e te montei e colei e beijei e cuidei e amei. E amo. E fiz tudo porque eu, caranguejinho, eu nasci pra viver com você e, talvez, você nem saiba disso.


"É mulher que ama 
Com muito saber 
No tocante a cama 

Não sei lhe dizer... "

13 comentários:

Anônimo disse...

És linda!
Digo, por inteira.

Lulululu disse...

Carangueijos são FODAS. Regidos pela sua então!

Amiga, queria fazer uma coisa, com a sua licença:
Um beijo aos anônimos que sempre comentam nesse blog!

E um xero n'ocê meu doce.

lululul disse...

Carangueijos são FODAS. Regidos pela lua então!

Amiga, queria fazer uma coisa, com a sua licença:
Um beijo aos anônimos que sempre comentam nesse blog!

E um xero n'ocê meu doce.

Anônimo disse...

Só quero o beijo se for na boca!
Um beijo pra você também.

Bianca B. disse...

Tá rolando um romance entre vocês que comentam no meu blog? Uh! Que amor.

Os anônimos são todos os mesmos, eu acho. Mas eu não sei quem é :(

Anônimo disse...

Foi minha primeira vez comentando aqui, logo, não sou a mesmo das outras vezes. E o romance teria que ser com você e não com essas outras pessoas que comentam aqui.

aluah disse...

amando mais uma vez!

Bianca B. disse...

E agora? Como ter um romance com um anônimo? Difícil.

Anônimo disse...

Não é só no anonimato que o romance fica difícil com você.

Anônimo disse...

Todos os seus textos são pra mesma pessoa? Aqui-relatas que amas unicamente uma pessoa, certo? Amores cansados são os que mais existem. E o teu amor, Bianca, chama por quem? Fecha os teus olhos... Quem te veio em mente? - Que se misturou nos teus sentimentos, carinhos, saudades? Pense...

Anônimo disse...

Só deve ter pensado na pessoa errada...

Anônimo disse...

Pensou na pessoa errada não. :)

Juliana Biagi disse...

Ô, que amor é esse que machuca tanto?
É dos mais comuns! :/