segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cesto de alma

"A gente dorme de olhos fechados
que é para poder sonhar por dentro, amor." 


Todo cuidado do mundo. Pé por pé. Foi assim que a paz chegou pra mim: um belo dia me olhou, cutucou meu ombro, tentou entrar pelas pupilas. Tão calma. Tão densa! Mas leve. Foi assim que o amor voltou a morar aqui.
Nunca fui princesa de castelos de pedras. Mármore, marfim, gelo. Alguns derreteram. Construí tanta coisa com essas pessoas que vão chegando e, da mesma forma, partindo. Algumas delas eu deixei ali, no meu jardim. Jardim bonito, sabe? De encher os olhos e o coração. Tem cor por todos os cantos. Tem flor por toda a terra e, quando chove, vem aquele cheiro bom de infância na casa de praia onde eu via o céu desaguar ao entardecer enquanto me embalada pra lá e pra cá numa rede. Era frio. Um frio gostoso e externo.
Demorou muito pra que a primavera fizesse morada no meu coração coberto de gelo, que agora é quente de novo. Livrei-me das armaduras, joguei tudo pro alto e respirei. A vida tá bonita pra se viver numa redoma. O ar que a bolha me tirava agora é fresco de novo. E eu respiro. E eu suspiro. E eu vivo assim, aliviada. 
Deixa eu olhar esses olhos que me acalmam e sorrir sem medo de que, no riso, alguém me roube a alegria de ser boa. Querer bem. Plantar as rosas bonitas que eu tenho pra te dar no coração. Trazer a luz que me doas pra ti também. E doar sem doer. E receber de braços abertos todo o carinho que o mundo guardou pra mim. A sorte tem andado ao meu lado. E ela tem cor, e é tão bonita e doce. 
Deita aqui do lado pra eu te abraçar durante a noite e nessa troca eu ganhar a tua essência e te dar a minha.
Não precisa mais ter nexo nem encaixe nas palavras. Nenhuma frase feita. Não se faz mais necessário desde que eu te tenha pra encostar minha cabeça em teu ombro e te enxergar fundo até ver teu brilho furta-cor. Me aninhar nos braços de quem me quer bem e dizer que é nosso tudo aquilo que surgiu como se não houvesse o fim do mundo. Como se o agora bastasse. Gruda aqui e diz que é amor porque amada já és. E depois de todos escudos jogados ao chão eu tiro cada peça de roupa, cada parte de karma. Me despir pra que me vejas assim: branca e clara como eu sou, tendo apenas as marcas que a vida deixou e que, agora, são todas tuas.
As minhas mãos estão abertas pra receber o que tens guardado pra mim.




"Então, quando você me beijar,
vai sentir o gosto da minha escrita,
pois a fim de nunca esquecê-las
eu trago todas as minhas palavras
na ponta da língua. "

7 comentários:

Anônimo disse...

Te tiraria a roupa e te cobriria com meus beijos. Amaria cada pedacinho teu. Te tocaria com o coração, apenas. Suas armaduras nunca me foram medo. Teu amor é bonito... O meu também foi. Foi lindo de viver, sorrir, sofrer e doer. Sou teu(a) anônimo(a).

Bianca B. disse...

Acho que já sei quem é.

Anônimo disse...

Sabe? Quem? Foi uma pequena continuação.

lululul disse...

AHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHA
AHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHA
MELHOR QUE O ZORRA TOTAL, ACREDITE!

lululul disse...

Não sei se eu dou mais risada dos comentários acima ou se eu dou risada por causa da "resposta" que esse texto me dá. Das entrelinhas que ele me revela. De ter uma amiga linda, viva, amada e amando novamente. É bonito de se ler e é bom de se rir.
No mais, pode ligar pro 190 e falar pro policial "Moço, ou o meu jose cuervo realmente não tem alcool, ou eu vejo gente anônimas"

Um beijo no coração, vida minha.

Karine disse...

ai,ai.

Suellen Verçosa disse...

Te encontrei outra vez, novo ano, novo blog...eu, parada, inerte, mas ainda gosto de ler boas coisas! Depois de casar e ter filho, eis que numa madrugada me dá vontade de ler, e ler, e ler... E encontro uma sempre ótima leitura. bjussss