terça-feira, 12 de julho de 2011

À Minha Allie.

Encolhi-me pelo sofá ontem e me coloquei a assistir um filme. Seria Garden State, caso eu não fosse a sua Sam e aquilo não me doesse uma eternidade. Sem escolha alguma, com o choro preso em mim, optei por The Notebook. 
Eu nunca havia dito eu te amo. Eu estava tão desesperada aquele dia, quando resolvi escrever sobre isso pra ti. Eu escrevi, me virei de costas pro computador e chorei. Chorei porque me senti só, frágil, sem uma figura aparente por quem eu sentia aquilo, só umas palavras bonitas e algumas meio fora de contextos e totalmente engraçadas que me davam cor a vida. E eu pensei isso, relembrando seis anos atrás, quando eu te conheci. 
Você me mandou cartinhas com papéis decorados que nem eram seus, eram do seu amigo. E quase colocou fogo na casa onde morava. Meu Deus!, como você é engraçada e sem jeito. Mas me leva direitinho.
A gente se abandonou. Mesmo depois do meu "eu te amo", a gente se abandonou. Eu nem sabia o que eu tava falando, cara. Eu só sabia o que eu sentia e, por ser tão longe de ti, doía tanto. E, por ser tão grande em mim, eu pensei: só pode ser amor! Eu tinha lá os meus dezesseis anos.
A gente se largou assim: depois do eu te amo, depois do "não podemos nos apaixonar", depois das cartas.
E por mais que eu já não tivesse mais nenhuma esperança, eu nunca esqueci o teu nome. Inteiro. Em seis anos eu "amei" uma porção de gente. Mas pra essas eu falava, assim, claramente. Era tão fácil. Ping-pong: eu falava, elas jogavam de volta, a gente se abraçava e pronto. Não houve o choro, a quietude, o medo e a vergonha de falar em voz alta que eu tive contigo. Era no automático porque nem vinha de lugar nenhum a não ser das cordas vocais. 
Hoje eu sei que eu não as amava, era só uma forma de sobrevivência à tua falta.
Voltastes. Um belo dia resolvestes me responder pela vida. Que felicidade foi saber que ainda lembravas de mim. E saber de tudo o que tinhas passado. E contar tudo o que eu vinha passando. E poder, então, te ver, te abraçar, te beijar a boca, a nuca, os olhos em pleno sol da manhã da tua cidade. Que alegria foi ver o amor após cinco anos de longas esperas.
Mas aí surgiram as ervas daninhas. Eu te falei sobre elas. E te falei sobre eu não estar bem, pura, limpa pra poder aceitar o seu amor. E eu queria estar assim. Eu havia acabado de ser deixada assim, como qualquer coisa que se enjoa e não se quer mais. E aquilo me doía tanto. E dizias me entender, mas não entendeu.
Hoje já não nos falamos e só é carnaval quando sei que estás viva, um pouco que seja, ainda. Ou, mais certo ainda, que estou viva, por menos que seja, em ti. 
Eu sei que depois disso, dessas palavras, vão ser feitas chantagens que nem vais perceber. E birras, muitas. Até que me esqueças. Até que te forces a me esquecer pra sempre. Mas pode passar o tempo que for eu vou sempre voltar pra ti porque sabe, pequena, a vida não é curta, e os caminhos são muitos. O nosso tá traçado, e ele só me leva à ti. E tu, mesmo com amores passageiros, sabes que o teu vem direto à mim. Não é o caminho que tem mais corações, não é este o que seguimos. É o que tem os corações certos; e são os nossos.


Essa noite aprendi a reconhecer que você é minha Allie.

5 comentários:

Julia disse...

Sempre achei pequena um apelido tão "meu", mas vê-lo em outra pessoa me lembrou de amor. e tanto amor.

Karine disse...

Ais.

lululul disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lululul disse...

Pensei em cada palavra desse post, cada uma delas, talvez pra mim, tenha um significado maior ou mais explicado, não sei. Só consigo pensar numa coisa: "Genial";
No sentido que você sabe que ele tem.

Beijo Bia.

Almi Junior disse...

Sei lá, talvez haja alguma tradução pessoal, mas eu gostei, mesmo sem ter os outros significados.