sábado, 23 de abril de 2011

Tempo.


Num velho disco a vida se desfaz em poucos minutos.
Pra onde aquele tempo te levou também vou.



Eu andei por aí exorcizando a minha loucura e te buscando pelos sete cantos. Eu estive em todos os lugares e esquinas nas quais passavas e te apaixonavas, mas deixastes de te apaixonar por mim há meses porque não me enxergas mais. Oro à Deus por não serem anos. Mas, se talvez fossem, me fariam te esquecer. 
Me vem agora você de novo deitado debaixo da árvore me esperando com seu livro e suas fotos. E eu, andando lentamente em sua direção com meu vestido rodado sendo segurado pela mão esquerda para que não voe - para que eu não voe para longe de ti - e na direita um flor. Te levei uma gérbera vermelha. Eu, uma mulher, levando flores ao homem dos sonhos e de cabelos cor de mel. Enquanto me aproximava você atirava seus flashs contra mim: eternas fotos de nossas tardes vazias. Ali nos amaríamos só nos olhares e beijos pela cidade abafada.
A saudade não perdurou, o amor não chegou a criar raíz. Nós nos amamos nos nós e nos brotos. E aí partistes para os outros braços, para antigos braços. Um outro par, o casamento e o apartamento antigo. Eu continuei na sala com a minha caneca transbordando de chá de camomila, com os olhos borrados de rímel, com a boca escorrendo sangue da mordida que dei sem querer. O cachorro me olha com pena enquanto me afogo nos chocolates que odeio. Meu vaso de flores está vazio e meu coração rachado. Poderia ser ao contrário. Eu preferiria apesar da herança de minha avó me valer muito. Talvez este coração também tenha sido deixado por ela. 
Te vejo ainda na tela. Ainda sinto sua mão, tão bonita quanto qualquer uma, me acariciar os dedos enquanto, envergonhado, você tomava seu drink. Você e seus drinks. Você e seu amor. Passou e passamos. O efeito não passa em mim.
Combinei de te abraçar, te ofereci minha mão. Foram tantas as crises depois que parti, que partistes. Fostes e voltastes tantas vezes e eu continuei aqui, imóvel, pronta a largar tudo por aquele que me faria feliz para sempre. E tantas vezes larguei, deixei de lado. Bastava você me ligar ou deixar recados dizendo que precisava de mim. Perto ou longe. E eu abandonava a vida para, então, realmente viver.
Um dia você partiu para sempre. Ou quase para sempre. E eu continuei esperando a sua volta. 
Quanto tempo faz?



Pode ser numa canção, pode ser no coração. 
Eu só quero ter você por perto.

3 comentários:

denis disse...

"E eu abandonava a vida para, então, realmente viver.". Gostei (:

lululul disse...

Em setembro, fará 22 anos :)

Juliana Biagi disse...

AMO tuas palavras! Quanto tempo faz? Tempo demais sem ele ao lado. Vc já está nos meus favoritos, viu? :)