quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Encanto Precisa Perdurar.

Doce,

Os carinhos, tão solitários, não apagam a falta que tenho sentido. Falta esta não de ser ímpar - situação na qual me vejo treinada - mas saudades de ti, meu par. Não quero deixar que o pó se acumule sobre a tua ausência. Tenho vontade e quero, ainda que já tenha guardado em mim algumas marcas, decorar teu corpo - linha, sombra, temperatura, cheiro - em mim, dentro de mim. Ainda não mapeio teu corpo, visto que só o vejo no escuro, mas já posso tatear as afinidades. E cuido e lustro e ilustro e encho de amor nosso enredo. 
Preciso entender o ímã. O meu coração ímã - pólo positivo - chamando pelo teu coração ímã - pólo negativo - ou vice-versa. Preciso entender pra saber como entre tantos corações o meu foi querer o teu. Como se encontram? Onde se procuram? Vontade de te abraçar com toda a minha ternura até o pulsar de um se confundir com o outro e eu conseguir, no limpo, no perfume, derramar a minha vida e fazer morada aí dentro. Até eu conseguir que o teu coração abrace o meu.
O que existe de errado nessa saudade cortante? Preciso saber quem desenhou nossa distância. A vida encostou nossos destinos. O que há de errado nisso? A gente não deve evitar o que é bonito por medo da dor. Dor é consequência, ocasional, momentâneo. Dor passa. Álcool, Mertiolate, band-aid. Dor passa com o tempo. O tempo passa, a gente não. 
Não precisamos do universo, basta uma estrela não morta, basta uma amizade bem-vinda, um bom desejo de sorte e amor pra que tudo conspire à favor. Basta que queiramos. E queremos. 
É como se houvesse um modelo em minha frente pronto para que eu o desenhasse tal qual o é. Além dele, junto à sala vazia, uma tela em branco e um carvão. Todos seguem o passo. Eu o enxergo: os olhos amendoados, cabelos cor de mel um tanto bagunçados, os dentes bem alinhados, uma manchinha na bochecha. Pronto: teu rosto lançado na tela. Contestariam-me: achas que se parece? E eu, firme e consciente responderia: desde que seja belo, que importa? 
Agora já é tarde. Já não posso rasgar a tela na qual te pintei. Recortar tua presença, apagar teu cheiro. Quero a vida com você. Domingo do parque, sábado na praia, segunda no centro, terça nos trópicos, quinta no magma, quarta no carro, sexta na cama. Quero amanhecer e escurecer contigo. Quero me perder em ti. 
Costura o meu destino no teu que a cola não é garantida. Gruda teus lábios nos meus pra que eu não passe um dia sem teus beijos. Eu quero poder enjoar de ti por cinco minutos pra depois te implorar pro resto dos dias. 
Por isso, amor - e desculpa se te chamo assim -, não há o que temer já que tirastes de mim os temores. Expulsar os quereres é devastar o coração. Vou contigo pra qualquer lugar. Dentro ou fora dos nossos sonhos, bem perto ou distante daqui. É difícil entender que é só me puxar pela mão?

O que eu quero dizer é que eu, com ou sem a tua permissão, vou te querer.

6 comentários:

Marília Alves disse...

Que bom seria gostar sempre de quem quer ser querido, né?

Há tanto desencontro nesse mundo, que eu me sinto na obrigação de ficar feliz por ter te encontrado. E de fato fico. :)

Julianna Motter disse...

Nem ignorar, ou desistir-se.

Karine disse...

eu gosto da tua escrita bonita,
pro que é bonito do amor.

energia super positiva senti ao ler-te, é bom quando é assim.

Fabianny de Alencar disse...

Que lindo. É um sentimento que eu queria sentir.

Tamara disse...

Que bom poder ler algo em que eu me sinta parte de sentir o sentimento teu.

lululul disse...

É realmente doce sentir isso.
As palavras com açúcar que lhe faltara no outro texto mais a baixo, encontrei em excesso aqui. Pena, ou não, que gosto; de açúcar.