segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

De Nada Valeu.

"Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Um dia, faz alguma coisa boba como beijar você ou sorrir. E, de repente, sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns."


É delírio o que entra pela janela. Tudo numa bagunça, num canto, amarrotado no meu coração. Um nó nas entranhas, uma falta de açucar no sangue, um desmaio da alma. O coração comprimido, os pés gelados, as mãos já roxas. Estou morta? Onde estão as palavras doces que eu queria escrever, costumava escrever? Por onde anda a vontade de sorrir, arrancar gargalhadas de mim? Quanto egocentrismo, menina!
É de lírio o perfume na sala. Meus dedos gastos de tanto apertar nos botões. Minha voz muda de tanto não querer mais falar nome algum. Meus gestos curtos, quase inexistentes, pra não cometer o grande erro. Todo mundo diz o que é verdade, mas eu sinto a mentira escorrendo veia abaixo.
Eu não como, eu não durmo, eu fui usada. Depois de ser usada eu fui amada e, meu Deus!, eu dormi tão bem aquela noite. Mas é um ciclo sem parada.
Por que fazes isso comigo, coração imundo? Por que não te expurgas de mim como qualquer outra coisa num vômito, num corte? Por que não deixar me colocarem um novo: sem riscos, sem cortes, sem essa sujeira toda acumulada, sem dores, sem saudades do que foi, do que é, do que virá a ser?
Por que tão triste, menina? Por que esses olhos baixos, caídos? Cansados sempre foram, e grandes, mas por que assim? Por que deixaram de ser tão bonitos e aparecem-me agora assim? Por que essa falta de ar, de palavra, de cor? Coloca um vestido, vai pra festa! Pula, beija, dança. Não é carnaval, mas veste a máscara e finge que finge que finge que está tudo bem. Solta o riso, perde o siso. Logo tu, que já fostes tão feliz um dia, agora te vestes assim, toda cinza, mal pintada. Cadê os paetês?
E esse mar, que não é azul, que trazes nos olhos já mortos de tanto desaguar? E essa tentativa de morte todo dia só pra ver se dói menos por dentro. Porque dói tudo. Porque me dói tudo.
E essa saudade de muitos anos, e outra saudade de alguns meses? E essa falta que te faz perder os sentidos porque distância só faz a gente sofrer. Distância foi feita como castigo e és castigada diariamente por essa coisa torta e tola que inventaram. Mas não chora, menina. Não chora! Muitas vezes ainda vais ouvir a frase da pessoa certa.

Um comentário:

Fabianny de Alencar disse...

"Nem desejar, nem vingar-se".

Queria eu as duas coisas. Ou mais: não desejar vingar-me.

"Eu não como, eu não durmo, eu fui usada".

Até já como, até já durmo, mas continuo me sentindo usada. E por isso continua esse desejo, de vingar-me. Mas sei que sei que nunca o farei. Porque não orna comigo.


Gostei daqui. Queria saber de quem são os textos entre aspas.