sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Carta I

Dear,


as palavras escaparam-me de novo. Penso que falei tanto e te olhei tanto que me perdi. Eu voltei, eu fugi, eu o que? Eu não te deixei porque deixar é algo doloroso e, por isso, eu te trouxe comigo. Tatuado no peito, no seio, nas marcas. Estou cheia de marcas. Coração espancado e não dói. O que é amor? E se é amor, o que eu faço? Onde eu deixei? Em qual das gavetas, prateleiras, travesseiros, copos ou banheiros de bares? Onde ficou meu coração que se perdeu em outro estado, em outro abraço em outra qualquer-coisa-que-não-comigo. E se não pulsa, então, eu não deveria sentir. E por que eu sinto? Meu Deus, e se é? E se for? E se crescer? E se o fermento funcionar? Nunca deu certo comigo! Meu Deus!, eu não paro de me fazer perguntas nem te indagar. Enlouquecida na minha própria lucidez de te querer e sentir falta e na bobagem um pouco fora de contexto de querer a toda hora saber se sentes falta. E talvez nem sintas, amor, e talvez nem queiras falar. Eu que sonhei tanto com isso!
Uma carta extremamente egocêntrica e prepotente. Aqui, nesta carta, todos são eu. Precisava tanto falar contigo, dizer como eu me sinto, como eu sinto dor, como dói a falta, a ausência! E de como eu me revirei na cama, te procurei por ela passando a mão por todos os lados, tentando sentir teu cheiro, esperando um beijo. Eu abracei vinte travesseiros, quis chorar a dor do mundo pensando que ela era minha só como desculpa pra chorar essa coisa, essa coisinha que passa longe de fazer cócegas, que só me mata. E me mata de uma forma tão doce - como tu és - e tão bonita que eu nem me sinto morrer mesmo querendo agarrar tudo enquanto é tempo. Eu tinha tanto o que escrever, amor! Pensei em tantas coisas bonitas, queridas, leves e agora eu falo em dor-falta-ausência-morte e em mim. Em mim porque ainda não sei de ti. Eu não quero me despedir. Dessa vez conto nos dedos das mãos os dias.


A casa ficou vazia e eu cheia de saudades.

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