sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sobre o Amor - Parte I


Caso você queira posso passar seu terno,

aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva, não quero ter você molhado. 
Se de noite fizer aquele tão esperado frio
poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.
E verás como a minha pele de algodão macio,
agora quente, será fresca quando for janeiro.

Nos meses de outono eu varro sua varanda,
para deitarmos debaixo de todos os planetas.
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda
- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas 
-Depois plantarei para ti margaridas da primavera
e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,
para serem tirados pelo seu total desejo de quimera.
- Os meus desejos, irei ver nos seus olhos refletidos.


Pequenos potes de doces distribuídos pelos cômodos todos. Caio em tentação ou permaneço imune ao veneno da droga? Talvez prefira não senti-la e continuar ferindo quem - por gula - resolva por aprender do que se trata o amor.
Rezo e peço: aguenta, pois doce nenhum vale o sofrimento que é o depois. Lambuzar-se é adoçar-se por dentro. 
Pateta, poética, Bethânia!, limpando o chão ao qual a ingratidão, as pessoas - tão malditas - pisam. E, veja bem, são aquelas mesmas que mastigaram meu coração. 
Prefiro o amargo ao doce, mas não sou amargurada. Não quero a gula. Quero a paz de ser só sem depender de ninguém, sem que me doa a carência pois serei dona de mim. Quero a sanidade de amar sem exigir nem pesar pra ninguém. Peso morto não faz morada em coração bonito. Pretendo, então, o amor doado e desmedido.
Deixo aqui meu pedido encarecido de que amem! Amem muito! De que desejem que dê certo. Que se auto-preservem. Amem como se não existissem outras pessoas, como se não fossem haver outros momentos. E, acima de tudo, tenham um como prioridade do outro.

- Mas quando for a hora de me calar e ir embora
sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola, 
mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.

(Nem vou deixar – mesmo querendo – nenhuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda minha poesia.) 

Um comentário:

Anônimo disse...

Se o seu verão resseca, o meu faz cachoeira, o que não vale é fugir, desistir, deixar de tentar, amar a si mesma é importante, mas ser dona de si não é garantia de felicidade e amar ao outro não significa depender dele. Aqui, fico em anonimo, em teu peito se é que ainda estou, você sabe de que assinatura se trata.